Procedimentos, rotinas e instrumentos
para o trabalho em rede
Os objetivos, as ações e os projetos
conjuntos, que nascem do planejamento estratégico, constituem a base de um trabalho
em rede. Para que a iniciativa se desenvolva e se consolide,
muitas vezes são necessárias a revisão e a construção de novos procedimentos e
rotinas inter e intra-instituições que facilitem o trabalho em rede.
A cultura e o modo de funcionamento predominante na gestão
pública brasileira ainda estão referenciados na lógica setorial e
desarticulada e na falta de cooperação efetiva entre níveis de governo (Municípios, Estados e União). Por isso, não são poucas as dificuldades e resistências
para efetivar uma rede de serviços.
Como buscamos que a rede de serviço não se
restrinja a ser somente um modo de operação entre as instituições, mas
um modelo alternativo, democrático e criativo de gestão pública,
comprometido com ações transformadoras da realidade social e com a oferta de serviços
de qualidade para cidadãs e cidadãos, devemos definir procedimentos, rotinas e
instrumentos que garantam melhores condições e ampliem a estabilidade
do trabalho em rede, mas que não a engessem, a burocratizem ou limitem seu
crescimento e sua flexibilidade.
Tudo isso ocorre no fio da navalha, mas é um
desafio que vale a pena enfrentar.
Quais os procedimentos internos e entre as
instituições da rede que contribuem para fazer acontecer as ações e os
projetos definidos no planejamento estratégico? Que rotinas e normas das
instituições precisam ser revistas?
A busca de respostas para essas duas questões
deve se constituir em um momento de discussão entre os integrantes da rede. De
tempos em tempos, é importante avaliar e rever esses
procedimentos e essas rotinas e verificar se eles estão dando conta do recado ou se é
necessário aprimorá-los ou criar outros.
Por exemplo: o fluxo de comunicação entre as
instituições, como criá-lo ou aprimorá-lo para dar conta de um trabalho
em rede? Que tipos de informação são relevantes circular e que podem
contribuir para o processo de tomada de decisões? Como circular? Quais são os
melhores meios e veículos? Como se dá a alimentação desse fluxo?
Gestão Compartilhada
Vamos abordar agora alguns instrumentos que
poderão ser utilizados para efetivar a gestão compartilhada exigida
pelos processos em rede.
- Protocolos de atendimento: são documentos que definem orientações, procedimentos e condições para serviços de atendimento. Geralmente, os protocolos são utilizados como forma de garantir um determinado padrão de qualidade entre diferentes serviços e instituições que atuam no atendimento especializado ou vinculado a uma determinada questão, problemática, região, etc.
- Convênios e termos de parcerias: são instrumentos que formalizam relações de cooperação entre duas ou mais instituições, sejam elas, para a troca de informações e experiências, desenvolvimento de ações ou projetos conjuntos, assessoria técnica, entre outras. Na construção de uma rede de serviços, os convênios e termos de parcerias podem ser utilizados para formalizar compromissos e responsabilidades e dar legitimidade institucional a algumas ações, projetos e programas realizados entre duas ou mais instituições e serviços da rede. Deve-se ter cuidado para que não engessem as possibilidades de parceria e do trabalho conjunto entre as organizações.
- Consórcios intermunicipais: referendados em legislação, os consórcios constituem instrumentos operacionais que viabilizam a cooperação entre dois ou mais municípios limítrofes para o desenvolvimento de obras, serviços e ações de interesse comum. Além de buscar a soma de esforços, a maior racionalidade e o melhor aproveitamento do uso dos recursos públicos, os consórcios têm por base o respeito à autonomia dos municípios envolvidos. Além dos convênios, os consórcios podem ser uma boa alternativa de formalização de relações de cooperação entre pequenos e médios municípios para o desenvolvimento de redes de serviço. Entre outras ações que nasçam de um planejamento conjunto, estão a construção, a manutenção e o uso de equipamentos comuns ; o desenvolvimento de programa de formação continuada; o diagnóstico regional do problema, etc.
Fonte:
adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo;
Rede Mulher de Educação, 2003.
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