26 de dez. de 2012

ONGs na linha


Fruto de discussões envolvendo a Secretaria-Geral da Presidência, a Casa Civil e outros sete ministérios, chegou à presidente Dilma Rousseff uma minuta de projeto de lei para regulamentar as relações entre governo e ONGs.
A iniciativa vem depois da "faxina" promovida em 2011 pela presidente, quando os então ministros do Esporte, do Turismo e do Trabalho foram exonerados em meio a denúncias de uso desse tipo de entidade para fins ilícitos.
Não é de agora que a convivência do setor público com organizações não governamentais traz preocupações. Em 2006, por exemplo, relatório do Tribunal de Contas da União apontou que mais da metade dos R$ 150 milhões repassados pela União a ONGs contemplou associações consideradas incapazes de prestar os serviços contratados. Casos análogos também já vieram à tona em Estados e municípios.
O projeto a ser enviado pelo Executivo ao Congresso irá reunir-se a outros já em tramitação. Trata-se de regular um universo amplo e confuso. Levantamento do IBGE, em 2010, apontou 556,8 mil entidades sem fins lucrativos no país -categoria que reúne, por exemplo, partidos, cartórios e entidades religiosas.
No caso das ONGs, foram identificadas pelo instituto 290,7 mil fundações e associações privadas sem fins lucrativos. Destas, 30% dedicam-se à defesa de direitos e interesses dos cidadãos. Nas áreas tradicionais de políticas públicas -saúde, educação, pesquisa e assistência social-, chegou-se a 54,1 mil organizações (18,6%).
Entre as medidas propostas, destacam-se a exigência de que os dirigentes de ONGs interessadas em receber verbas tenham "ficha limpa" na Justiça e concordem que seus salários observem normas fixadas pelo governo. Além disso, as entidades não poderão transferir outros recursos a seus integrantes.
É saudável que o Executivo se preocupe em instituir regras para dificultar a prática de irregularidades nas relações com as ONGs.
Leis, entretanto, não bastam para evitar desvios. Muitas vezes criadas para demonstrar rigor, acarretam excesso burocrático e intervencionista.
A desmedida incidência da corrupção no Brasil não se deve à inexistência de leis, mas ao predomínio da impunidade num ambiente político marcado pelo loteamento fisiológico de cargos e pelo desprezo com as fronteiras entre as esferas pública e privada. Tais práticas, antes de tudo, é que precisam ser combatidas e banidas.
Fonte: Editoriais do jornal Folha de São Paulo, de 26/12/2012.


25 de dez. de 2012

Marco regulatório - II


A reivindicação por um marco legal para regular as relações entre o Estado e as organizações da sociedade civil é bem antiga no país. Remonta aos anos 1980, quando o movimento ainda engatinhava e não se previa o seu crescimento e a relevância de sua atuação para o avanço dos direitos e da cidadania no país.
Ainda em 2002, foi levada a reivindicação de um marco regulatório para o setor ao então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que se dispôs a criá-lo, mas não foi adiante. Durante a campanha presidencial de 2010, um conjunto de movimentos sociais, entidades religiosas, institutos, fundações privadas e ONGs criou a Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil (OSCs). 
A plataforma apresentada promove, em resumo, um controle maior sobre o repasse de recursos, menor burocracia para ter acesso a ele e maior transparência na prestação de contas, com a parceria adquirindo a forma de “contrato” com o Estado. As regras também ajudam as organizações a buscar financiamento junto a outros mecanismos da sociedade.
As denúncias envolvendo justamente esse tipo de repasse de recursos aceleraram a elaboração do projeto de lei e o grupo de trabalho conseguiu mobilizar um conjunto relevante de gestores públicos, juristas e líderes sociais, que elaboraram propostas para melhorar a relação das entidades sem fins lucrativos com os órgãos do Estado.

O que diz o projeto
A grande conquista desse projeto de lei é criar um regime diferenciado para reger contratos entre o poder público e as organizações da sociedade civil. Até agora, a figura jurídica que rege essa relação é o convênio. Mas ele não é adequado, porque foi feito para regular a relação do governo federal com os Estados e municípios. Assim, as OSCs, nesse tipo de contrato, são obrigadas a cumprir as regras dos municípios, como licitar três fornecedores antes de qualquer compra e não poder usar a verba recebida para custeio.
Não reconhecendo que a natureza de uma OSC é diferente, o convênio não permite, por exemplo, o pagamento de pessoal com a verba recebida e nem mudança de rubrica, engessando suas ações. Com o marco legal específico, haverá regras próprias para esse tipo de contrato, as quais darão maior flexibilidade, bem como maior controle, o que resultará no fortalecimento dessas organizações.
Algumas regras constantes do PL as OSCs já precisam cumprir, como por exemplo: salários regulados pelo governo, não podendo ultrapassar o teto constitucional do serviço público, que é de R$ 26,7 mil; mudança nos estatutos das organizações que permitem distribuir entre a diretoria as sobras de caixa; para projetos acima de R$ 600 mil, auditoria externa e criação, no ministério que repassa a verba, de comissão para monitorar a parceria; o patrimônio da ONG não poderá ser distribuído a seus membros e, se ela fechar, esse patrimônio deverá ser repassado para outra instituição.
Entre as novas exigências estão a de a diretoria ser toda constituída por “fichas limpas”. Os dirigentes que já tenham alguma condenação não poderão receber o dinheiro até oito anos após cumprir a pena. Além disso, deverá haver uma auditoria externa para as contas e transparência na informação das ações e dos gastos ao público.
Aliás, essas medidas poderiam valer para todos os entes jurídicos que se utilizam de recursos públicos ou recebam concessões.
O PL já foi encaminhado à Presidência da República para assinatura. Vamos pressionar para que ele seja aprovado pelo Congresso Nacional ainda em 2013.

A importância do terceiro setor no país
De 2008 até hoje, as ONGs receberam do governo R$ 6 bilhões, distribuídos a mais de 8.000 convênios. Destes, 80% receberam valores abaixo de R$ 600 mil, mas representaram 20% dos repasses. Por outro lado, 20% dos convênios receberam quantias superiores a R$ 600 mil e representaram 80% dos repasses.
Segundo a Abong, existem no Brasil, atualmente, 290 mil organizações do terceiro setor, 70% das quais sem empregados registrados. Elas têm desempenhado um importante papel na história do país, seja na luta pela redemocratização ou na defesa da cidadania e dos direitos difusos, seja em experiências relevantes que resultaram em políticas públicas na área de saúde, educação, meio ambiente, consumo e outros mais, complementando a ação do Estado ou prestando serviços que ele não tem conseguido disponibilizar com eficiência. Assim, o PL vai trazer segurança jurídica para a relação entre as OSCs e o poder público.
Se queremos um desenvolvimento efetivamente sustentável para a sociedade e para o país, precisamos reconhecer o trabalho realizado pelas organizações da sociedade civil, permitindo distinguir as que fazem um trabalho realmente sério daquelas que não o fazem.
Existe um outro tipo de relação que também é importante para o desenvolvimento do país e que está fora desse marco legal: é a relação das OSCs com o setor privado.
Um próximo passo será, portanto, contribuir para a criação de incentivos fiscais que promovam o desenvolvimento de uma “cultura de doação” no setor privado, seja para sustentar um projeto de assistência social, seja para levar à frente a defesa de um direito de algum segmento da sociedade, seja para financiar atividades artísticas e culturais
A cultura de doação é muito forte nos países europeus e nos EUA. As grandes orquestras sinfônicas, os melhores museus do mundo, os centros mais avançados de pesquisa, as universidades e incontáveis projetos de assistência social são basicamente sustentados por doações da iniciativa privada.
Fonte: fragmentos do texto de Paulo Itacarambi, vice-presidente executivo do Instituto Ethos, publicado no portal do Instituto em 17/12/2012.

24 de dez. de 2012

Marco Regulatório - I


Em 2010, aproveitando o contexto da campanha presidencial, um grupo bastante representativo de movimentos sociais, entidades religiosas, ONGs, institutos e fundações privadas decidiram definir uma agenda comum para apresentar aos candidatos à Presidência da República. Esse grupo lançou em agosto daquele ano a Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil.
A Plataforma destaca o papel das organizações da sociedade civil como patrimônio social brasileiro e pilar de nossa democracia. Os integrantes reivindicam uma política pública de fomento à participação cidadã por meio de organizações sociais autônomas. Comprometem-se, por sua vez, a zelar pelo sentido público de sua atuação, além de adotar práticas de boa gestão e transparência.
Por meio da Plataforma ocorrem adesões, colhe-se opiniões e propostas de legislação, normas e políticas que promovam um ambiente estimulante e seguro para o engajamento cidadão em causas de interesse público.
Fonte: Plataforma.

21 de dez. de 2012

Marca atingida

Blog do Integra Redes passou a marca de 5000 acessos.
Acesse você também e encontre artigos e links interessantes sobre Terceiro Setor e Desenvolvimento Social, alem do trabalho do Integra Redes Campinas e das entidades sociais que participam da RIS.
Se puder repasse a informação e nos ajude a transformar este espaço em um instrumento de comunicação para as entidades sociais de Campinas e região.
Muito obrigado!
Boas Festas e um ótimo 2013...



20 de dez. de 2012

Revolução do BEM

Você pode ler na matéria abaixo Revolução do Bem, publicada na revista Bons Fluídos (Dezembro 2012), uma conversa sobre o documentário Quem se Importa?, no qual mentes inspiradas atreladas a corações compassivos apontam soluções para o bom andamento da sociedade e do planeta.




19 de dez. de 2012

Cartilhas OAB

As cartilhas da Comissão de Direito do Terceiro Setor da OAB São Paulo pode se acessadas clicando nos nomes abaixo:

Nas imagens a seguir você encontra abaixo a Cartilha Aspectos do Terceiro Setor, basta clicar nas imagens para ampliar.











18 de dez. de 2012

Doações...

Você encontra abaixo entrevista com Jane Wales, publicada na revista Veja, na qual ressalta o papel das parcerias internacionais e filantropia, para ampliar clique na figura.





17 de dez. de 2012

Voluntariado

Segue abaixo reportagem publicada na revista Metrópole, em 16/12/2012, que trata dos profissionais que abrem espaço na agenda para ajudar o próximo.
Para ampliar basta clicar na imagem.





14 de dez. de 2012

Construção de Redes - XXXII


Mobilizando corações e mentes
Como toda a atuação que busca transformar o jeito, os modos de compreender, agir e sentir de pessoas, grupos e instituições em busca de uma sociedade mais digna, justa e cidadã, a construção de uma rede de serviços deve ser pensada como um processo de mobilização social.
O pesquisador colombiano Bernardo Toro nos alerta de que mobilização social não deve ser confundida com um evento, uma passeata, um abaixo-assinado, mas entendida como um processo que ocorre “quando um grupo de pessoas de uma comunidade ou toda a sociedade decide agir com um objetivo comum, buscando um resultado desejado por todos. Mobilizar é convocar vontades (discursos, ações e decisões) para um propósito comum, com um sentido compartilhado”.
Sabemos que em cada lugar do nosso Brasil, o caminho a ser trilhado pelas instituições, movimentos e grupos na construção das redes de serviço será único, marcado por dificuldades, conquistas e desafios diversos.
Convidamos aqueles e aquelas que trilhem esse caminho a compartilharem suas experiências com outros e outras a fim de que gerar um acúmulo coletivo de aprendizagens no país quanto à construção e à consolidação dessas redes como uma das iniciativas que visam fazer toda a diferença na vida do outro.

Fonte: adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo; Rede Mulher de Educação, 2003.

13 de dez. de 2012

Construção de Redes - XXXI

Fontes de conflitos
O conflito é constante na vida das pessoas, das instituições, dos grupos e dos movimentos. Ter clareza de suas fontes pode ajudar a encontrar o melhor jeito de lidar com eles. O conflito surge por variados motivos que, muitas vezes, se combinam:
  • desencontros e imprevistos cotidianos;
  • transferências e antipatias pessoais;
  • diferenças de crenças e valores;
  • diferentes maneiras de compreender a vida;
  • imposições e violências;
  • disputa por recursos escassos;
  • falta de regras e pactos claros, assim como a quebra dos existentes;
  • diferentes visões sobre os objetivos de uma ação conjunta;
  • diferentes visões do processo de transformação da sociedade.
Fortalecer os vínculos de confiança e cooperação entre as pessoas que fazem parte da construção da rede de serviços pode fazer toda a diferença para enfrentar as dificuldades inerentes ao caminho e potencializar a criatividade e a sinergia do grupo. Além de diversas dinâmicas que podem criar oportunidades para uma troca mais holística em reuniões, oficinas, seminários, conforme o interesse do grupo, pode-se também realizar encontros para descontração, relaxamento e trocas culturais, entre outros. Ninguém está dizendo aqui que os integrantes da rede devem virar grandes amigos, mas que podem desenvolver relações de companheirismo e solidariedade mais intensas.
Além de enxergar as mulheres e os homens em situação de violência como pessoas integrais, é necessário também que se assumam os/as participantes da rede de serviços como seres humanos com múltiplas e diversas dimensões e necessidades (afetiva, intelectual, física, social, econômica, espiritual – para quem acreditar, etc.). Podem-se realizar atividades que abordem questões ligadas ao autocuidado e à valorização de uma perspectiva mais integral da vida. Todas essas questões têm impactos na auto-estima do(a) profissional e na forma como este(esta) entende e exerce o seu papel na rede de serviços.

Fonte: adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo; Rede Mulher de Educação, 2003.

12 de dez. de 2012

O tamanho do 3º Setor

Segue abaixo reportagem e editorial publicados no jornal Correio Popular, que abordam a atuação do Terceiro Setor na RMC e na cidade de Campinas.
Para ampliar basta clicar na figura.



11 de dez. de 2012

7ª Reunião (2012)

A Casa Santana recebeu a 7ª Reunião da Rede de Integração Social Campinas.


Começamos como sempre recebendo bem o recém chegados, por meio da apresentação pessoal. Sendo que, foi destacado que sempre tivemos pessoas novas chegando a iRedes. O que é muito bom!

Identidade Visual
Na sequencia passamos para a aprovação da Identidade Visual da RIS, sendo que os presente optaram pela proposta abaixo, com as referidas adequações nas cores e contornos. é uníssono a certeza de que da mesma forma que sentimos a necessidade de mudança da antiga identidade, no futuro com a entrada de novos integrantes e a dinâmica própria da rede, em razão de suas atividades, poderá o grupo sentir, novamente, a necessidade de mudança e alteração.


Calendário de Atividades
Passamos aos debates sobre a programação da atividades da iRedes para 2013, a final concluímos que devemos realizar as seguintes ações:
  1. Participação da Exposição Fotográfica do SOS Ação Mulher e Família (Março/2013);
  2. Oficina sobre "Elaboração de Projeto", em dois encontros de quatro horas (Abril ou Maio/2013);
  3. World Café sobre Responsabilidade Social e a Atuação em Rede, a realizar-se no Senac Campinas (Junho/2013);
  4. Realização de uma "Feira", para dar visibilidade a entidades e propiciar renda, por meio da venda de produtos (Outubro ou Novembro/2013);
  5. Visita a Feira e Congresso ONG Brasil, em caravana (Dezembro/2013).

Existe, ainda, a possibilidade de um curso gratuito por parte do Senac Campinas para formação de Agente de Desenvolvimento Local ou Agente de Desenvolvimento Socioambiental, a ser definido dependendo do número de participantes e do local, no Senac ou na Campo Grande. Seremos informados no futuro.

As Próximas Reuniões 
Ficou acertado que há necessidade de fixarmos a data da reuniões e que a mesma será comunicada as Entidades para que coloquem no Planejamento Anual de 2013, sendo solicitado que as entidades participantes da rede assumam o compromisso de sempre enviar uma representante para os encontros.
Os presentes estabeleceram que as reuniões irão ocorrer sempre na última quarta ou quinta-feira, alternando a cada mês, sempre as 14h30, sendo que quando a reunião "cair" em um feriado será antecipada para a semana anterior. 
Nossa próxima reunião irá ocorrer no dia 30/01/2013, às 14h30, no Senac Campinas, quando iremos tratar da seguinte pauta:
  1. Uso da Identidade Visual;
  2. Instituição e composição dos Grupos de Trabalhos;
  3. Participação da Rede nos eventos das Entidades;
  4. Mapeamento das Entidades.










Até mais!

6 de dez. de 2012

Convite 7ª Reunião


Estimados Participantes e Parceiros do Integra Redes (RIS), irá ocorrer no dia 11 de Dezembro, as 14h30,  a nossa 7ª é ultima reunião de 2012, desta vez na Casa Santana.
Nesta reunião do Integra Redes que além dos assuntos que estão em debates (identidade visual e Planejamento 2013), faremos uma confraternização de final de ano e de nossa atividades, assim pedimos para que cada um dos participantes contribua com um prato – doce ou salgado.
  • Data: 11/Dezembro
  • Hora: das 14h30 às 16h30
  • Local: Casa Santana Campinas
  • Rua Barão de Jaguara nº 297, Centro, Campinas


Já estamos com Blog e com o Face em funcionamento. 

Conheça, também, o Programa Rede Social, que é uma iniciativa do Senac São Paulo. 
Venha e convide outras entidades que você conheça.

Sua participação é fundamental !
Aguardamos você...

Dados da RMC



Quase metade das novas ONGs é ligada a religião
Dado foi divulgado pelo IBGE e retrata situação regional em 2010

Quase metade das instituições sem fins lucrativos criadas na RMC (Região Metropolitana de Campinas) entre 2006 e 2010 são de caráter religioso. Um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que 45,5% das 472 novas fundações privadas e associações sem fins lucrativos do período são classificados no setor de religião.
O número segue tendência do Estado e do País. Segundo a pesquisa feita pelo instituto, 50,4% das 4.994 novas instituições em São Paulo eram religiosas, enquanto 47,8% das 23.404 associações criadas no Brasil eram voltadas para o setor religioso.
Se consideradas a quantidade de entidades religiosas em relação ao total, o número também é alto. Em 2006, a RMC possuía um total de 2.873 associações sem fins lucrativos, das quais 986 (33,7%) eram do setor de religião. Em 2010, o número se manteve praticamente o mesmo - do total de 3.345 fundações, 1.183 (35,4%) eram religiosas.

ANÁLISE
Para a cientista social Raquel de Moura Barbosa, a prestação de serviços sociais está historicamente ligada às instituições religiosas. Ela apontou que a criação das ONGs (Organizações Não-Governamentais), inclusive, é originada na expansão de ações propostas por grupos religiosos.
Raquel salientou que, embora tenham caráter religioso, essas entidades atuam em outras áreas.
“As instituições religiosas continuam participando significativamente das ações sociais voltadas à criança e ao adolescente”, exemplificou.

DADOS
Os outros setores considerados pelo IBGE foram as organizações sem fins lucrativos das áreas de saúde, habitação, cultura e recreação, educação e pesquisa, assistência social, associações patronais, profissionais e de produtores rurais, meio ambiente e proteção animal e desenvolvimento e defesa dos direitos do cidadão, segundo o IBGE.

ONG de Campinas é destaque mundial em assistência
Embora as entidades do setor religioso estejam em alta na RMC (Região Metropo-litana de Campinas), a ONG (Organização Não-Governamental) que mais se destacou na região em 2012 fica no setor de assistência social.
Trata-se da rede CDI (Comitê para Democratização da Internet), com filial em Campinas, que conquistou a 55ª colocação no ranking de melhores entidades sem fins lucrativos do mundo, em eleição feita pela revista suíça The Global Journal, uma dos rankings mais conceituados mundialmente quando o assunto é a avaliação do trabalho das ONGs.
O CDI Campinas foi criado em 2000 e trabalha com uma rede de 28 EICs (Escolas de Informática para Cidadania), presentes na cidade e na região, tendo mais de 36 mil alunos formados pela entidade.
“O que a gente faz é ensinar o jovem a usar o computador para melhorar a comunidade onde ele mora”, explicou a coordenadora-geral da ONG, Helena White.

Fonte: reportagem de Pedro Garcia, publicada no Jornal Todo Dia, de 06/12/2012.

Construção de Redes - XXX


Alimentando laços e sinergias
Quem faz acontecer uma rede de serviço são as pessoas que representam instituições, serviços, entidades e grupos de governos e da sociedade.
Pessoas com ou sem garra, força, competência; com visões de mundo diferentes e conflitantes; com mais ou com menos receios, limitações, problemas...
Nesta publicação, lembramos em vários momentos que a construção de uma rede de serviços deve buscar um nível de formalização e de compromisso institucional para que o processo ganhe legitimidade e condições configurando-se como uma política de ação efetiva de enfrentamento da problemática da violência contra a mulher. Ao mesmo tempo, ressaltamos que não dá para esquecer: a rede é feita de gente, gente que faz a rede se tornar realidade.
É fundamental reconhecer que esse esforço contra a corrente das formas tradicionais de lidar com os problemas sociais geralmente nasce de uma ou mais pessoas que, em suas instituições e entidades, buscam construir outros olhares, jeitos e caminhos de atuação. As motivações muitas vezes são diversas, mas garantem aquela energia necessária para que um processo inovador comece a acontecer em uma ou mais instituição. Por isso, na construção de uma rede de serviços, é fundamental identificar aquelas pessoas que podem fazer toda a diferença nesse trabalho e trazê-las para a roda.
A pessoa ou o grupo que estiver exercendo a liderança facilitadora desse processo deve, na medida do possível, valorizar e investir no desenvolvimento das pessoas, fazendo com que se sintam parte do todo e sujeitos da construção de um trabalho importante da comunidade. Conflitos fazem parte de um processo plural como esse, que envolve indivíduos e instituições com diferentes visões políticas, prioridades, concepções e forma de trabalhar.
Em nome “da união e da harmonia”, cuidado para não esvaziar e despolitizar conflitos que devem ser discutidos e enfrentados no grupo e que muitas vezes podem ser importantes para o amadurecimento do trabalho conjunto. As pessoas não têm que pensar e agir da mesma forma, ao contrário, o trabalho em rede (como abordado no módulo 1) se baseia na busca de caminhos de ação conjunta entre pessoas, grupos e instituições diversos e autônomos. A partir dessas diferenças, o desafio é estabelecer os objetivos, as estratégias e as ações que podem ser pactuados e assumidos pelo grupo como base da ação comum. Capacidades de ouvir, de discutir sem desqualificar o outro e de negociar aquilo que é possível são fundamentais nesse processo.

Fonte: adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo; Rede Mulher de Educação, 2003.

5 de dez. de 2012

Construção de Redes - XXIX


Comunicação entre a Rede
Para que o trabalho em rede aconteça, a comunicação entre os grupos e as instituições que a constituem é mais do que fundamental, é imprescindível. Não se faz trabalho em
rede sem comunicação. Primeiro, deve-se definir um fluxo de comunicação entre os integrantes. Além dos informes nas reuniões conjuntas, é necessário definir alguns instrumentos como memorando, boletins impressos ou eletrônicos, entre outros. Tudo depende das condições e necessidades locais. Sem dúvida, a internet traz facilidades incríveis: o uso do e-mail pode agilizar a comunicação entre a rede, mas sabemos ainda que grande parte das instituições, organizações e grupos no país ainda não possui acesso à internet (que pode ser uma meta do trabalho em rede!). É importante ter claro que a questão não é “encher” as pessoas com uma avalanche de informações, mas circular informações relevantes para o funcionamento do trabalho em rede, entre elas, as decisões pactuadas, as agendas de eventos, os relatos de experiências inovadoras, etc. No Mato Grosso do Sul e no Acre, os integrantes da rede definiram pela criação de um informe-fax, que facilite a conexão entre as pessoas e instituições.

Comunicação com o público do atendimento
É importante que a rede, como tal, tenha formas de comunicação com o seu público. Cartilhas e folhetos com orientações sobre os serviços em rede, contribuem para que as pessoas envolvidas compreendam os caminhos para denunciar situações e buscar apoio.

Trabalhando com a mídia
O desenvolvimento da relação com a mídia possibilita a divulgação do trabalho em rede para a população e sensibiliza autoridades e dirigentes de instituições e movimentos, contribuindo para a legitimação pública da proposta. Além disso, a mídia tem um importante papel educativo, podendo desenvolver matérias e campanhas e abrindo espaços para o debate público sobre a problemática e suas soluções.

Fonte: adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo; Rede Mulher de Educação, 2003.

4 de dez. de 2012

Construção de Redes - XXVIII


O organismo impulsionador da rede de serviços poderá ser um organismo governamental dos direitos da pessoa humana (conselho, assessoria, secretaria, coordenadoria), uma organização não-governamental ou qualquer outra instituição legitimada e com poder de convocatória para essa missão.
Tudo vai depender do contexto local. O organismo impulsionador não pode ser assumido pelos demais como o responsável por “carregar o piano” de todo o trabalho em rede e nem como o “dono da rede”.
Se a coisa começa assim, o próprio conceito de rede já entra em conflito. Não podemos reproduzir a cultura tradicional das relações piramidais de poder!
Um organismo facilitador tem o papel de animar, de dinamizar as relações entre as integrantes e de criar condições para que a rede vá se fortalecendo enquanto modelo de gestão compartilhada.
Para isso, é necessário que o organismo impulsionador tenha pessoas com perfil de liderança facilitadora. Uma instituição ou grupo pode até ter legitimidade para mobilizar
o processo, mas se a pessoa ou pessoas que encabeçam essa mobilização forem centralizadoras, não tiverem capacidade de articulação, entre outras limitações, o processo obviamente terá mais dificuldades para decolar.
Muitas vezes pessoas, grupos e instituições têm o desejo de que haja alguém ou algo que responda por tudo, faça tudo e mantenha uma relação tutelada com as demais. Cuidado: esse processo leva os integrantes a se desresponsabilizarem pelo desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da rede de serviços, limitando todo o potencial criativo e inovador que as redes possuem, conforme já colocado.
E aí chegamos na discussão sobre as relações de poder e espaços de decisão na rede. Na medida do possível, é importante que as principais decisões sejam pactuadas em espaços que tenham representantes de todas as instituições, grupos e organizações integrantes.
Pode-se também eleger um grupo gestor que divida atribuições com o organismo impulsionador ou que, com o tempo, exerça esse papel impulsionador. O grupo gestor pode ser renovado de tempos em tempos, permitindo que outras instituições exerçam esse papel.
A conexão do processo com um fórum amplo de instituições, grupos, movimentos que atuam junto a Política Pública e da promoção dos direitos humanos também poderá ser mais um espaço de influência, proposição, monitoramento do trabalho em rede pela sociedade civil.
Como já ressaltado, é fundamental que a rede de serviços dialogue e se articule com os movimentos, assim como estabeleça conexões com redes e articulações locais, regionais e nacionais ligadas às questões abordadas pela rede.
As trocas, os diálogos e a divulgação do próprio trabalho contribui com outros olhares e acúmulos para o enriquecimento e o fortalecimento das instituições e das pessoas que a constituem.

Fonte: adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo; Rede Mulher de Educação, 2003.

3 de dez. de 2012

Construção de Redes - XXVII


Fortalecimento institucional
As redes de serviço podem se constituir em um poderoso instrumento de fortalecimento institucional das organizações e dos serviços que a integram.
Por exemplo, conforme a natureza, a necessidade e a legitimidade para a rede, determinadas reivindicações que antes eram apresentadas de forma isolada junto às autoridades responsáveis poderão ganhar mais força em um contexto de atuação articulada e de reivindicação coletiva.
Além disso, levando-se em conta as especificidades de cada contexto, as instituições integrantes poderão pleitear coletivamente recursos e condições para projetos e ações definidos no planejamento da rede. Quem sabe conquistar até um rubrica orçamentária... Tal conquista pode não acontecer no primeiro momento de trabalho conjunto, mas como consequência da solidez e da maior legitimidade pública conquistadas.
Outro caminho é a somatória de recursos de cada instituição para garantir a viabilidade de várias das ações. Mas é importante ter claro que grande parte das ações, projetos e programas que serão definidos em um planejamento estratégico da rede não depende,
necessariamente, de novos recursos financeiros, mas de um jeito diferente de tratar e reorganizar as condições, os recursos e os trabalhos em desenvolvimento.
Essa clareza é fundamental para que o grupo não sucumba a um clima de impotência e de “braços cruzados”: se não há mais e novos recursos financeiros, não dá para fazer nada!

Fonte: adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo; Rede Mulher de Educação, 2003.