4 de dez. de 2012

Construção de Redes - XXVIII


O organismo impulsionador da rede de serviços poderá ser um organismo governamental dos direitos da pessoa humana (conselho, assessoria, secretaria, coordenadoria), uma organização não-governamental ou qualquer outra instituição legitimada e com poder de convocatória para essa missão.
Tudo vai depender do contexto local. O organismo impulsionador não pode ser assumido pelos demais como o responsável por “carregar o piano” de todo o trabalho em rede e nem como o “dono da rede”.
Se a coisa começa assim, o próprio conceito de rede já entra em conflito. Não podemos reproduzir a cultura tradicional das relações piramidais de poder!
Um organismo facilitador tem o papel de animar, de dinamizar as relações entre as integrantes e de criar condições para que a rede vá se fortalecendo enquanto modelo de gestão compartilhada.
Para isso, é necessário que o organismo impulsionador tenha pessoas com perfil de liderança facilitadora. Uma instituição ou grupo pode até ter legitimidade para mobilizar
o processo, mas se a pessoa ou pessoas que encabeçam essa mobilização forem centralizadoras, não tiverem capacidade de articulação, entre outras limitações, o processo obviamente terá mais dificuldades para decolar.
Muitas vezes pessoas, grupos e instituições têm o desejo de que haja alguém ou algo que responda por tudo, faça tudo e mantenha uma relação tutelada com as demais. Cuidado: esse processo leva os integrantes a se desresponsabilizarem pelo desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da rede de serviços, limitando todo o potencial criativo e inovador que as redes possuem, conforme já colocado.
E aí chegamos na discussão sobre as relações de poder e espaços de decisão na rede. Na medida do possível, é importante que as principais decisões sejam pactuadas em espaços que tenham representantes de todas as instituições, grupos e organizações integrantes.
Pode-se também eleger um grupo gestor que divida atribuições com o organismo impulsionador ou que, com o tempo, exerça esse papel impulsionador. O grupo gestor pode ser renovado de tempos em tempos, permitindo que outras instituições exerçam esse papel.
A conexão do processo com um fórum amplo de instituições, grupos, movimentos que atuam junto a Política Pública e da promoção dos direitos humanos também poderá ser mais um espaço de influência, proposição, monitoramento do trabalho em rede pela sociedade civil.
Como já ressaltado, é fundamental que a rede de serviços dialogue e se articule com os movimentos, assim como estabeleça conexões com redes e articulações locais, regionais e nacionais ligadas às questões abordadas pela rede.
As trocas, os diálogos e a divulgação do próprio trabalho contribui com outros olhares e acúmulos para o enriquecimento e o fortalecimento das instituições e das pessoas que a constituem.

Fonte: adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo; Rede Mulher de Educação, 2003.

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