Alimentando laços e sinergias
Quem faz acontecer uma rede de serviço são as
pessoas que representam instituições, serviços, entidades e grupos de governos
e da sociedade.
Pessoas com ou sem garra, força, competência;
com visões de mundo diferentes e conflitantes; com mais ou com menos receios,
limitações, problemas...
Nesta publicação, lembramos em vários
momentos que a construção de uma rede de serviços deve buscar um nível de
formalização e de compromisso institucional para que o processo ganhe
legitimidade e condições configurando-se como uma política de ação efetiva de
enfrentamento da problemática da violência contra a mulher. Ao mesmo tempo,
ressaltamos que não dá para esquecer: a rede é feita de gente, gente que faz a
rede se tornar realidade.
É fundamental reconhecer que esse esforço
contra a corrente das formas tradicionais de lidar com os problemas sociais
geralmente nasce de uma ou mais pessoas que, em suas instituições e entidades,
buscam construir outros olhares, jeitos e caminhos de atuação. As motivações
muitas vezes são diversas, mas garantem aquela energia necessária para que um
processo inovador comece a acontecer em uma ou mais instituição. Por isso, na
construção de uma rede de serviços, é fundamental identificar aquelas pessoas
que podem fazer toda a diferença nesse trabalho e trazê-las para a roda.
A pessoa ou o grupo que estiver exercendo a
liderança facilitadora desse processo deve, na medida do possível, valorizar e
investir no desenvolvimento das pessoas, fazendo com que se sintam parte do
todo e sujeitos da construção de um trabalho importante da comunidade.
Conflitos fazem parte de um processo plural como esse, que envolve indivíduos e
instituições com diferentes visões políticas, prioridades, concepções e forma
de trabalhar.
Em nome “da união e da harmonia”, cuidado
para não esvaziar e despolitizar conflitos que devem ser discutidos e
enfrentados no grupo e que muitas vezes podem ser importantes para o
amadurecimento do trabalho conjunto. As pessoas não têm que pensar e agir da
mesma forma, ao contrário, o trabalho em rede (como abordado no módulo 1) se
baseia na busca de caminhos de ação conjunta entre pessoas, grupos e
instituições diversos e autônomos. A partir dessas diferenças, o desafio é
estabelecer os objetivos, as estratégias e as ações que podem ser pactuados e
assumidos pelo grupo como base da ação comum. Capacidades de ouvir, de discutir
sem desqualificar o outro e de negociar aquilo que é possível são fundamentais
nesse processo.
Fonte:
adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo;
Rede Mulher de Educação, 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário