6 de dez. de 2012

Construção de Redes - XXX


Alimentando laços e sinergias
Quem faz acontecer uma rede de serviço são as pessoas que representam instituições, serviços, entidades e grupos de governos e da sociedade.
Pessoas com ou sem garra, força, competência; com visões de mundo diferentes e conflitantes; com mais ou com menos receios, limitações, problemas...
Nesta publicação, lembramos em vários momentos que a construção de uma rede de serviços deve buscar um nível de formalização e de compromisso institucional para que o processo ganhe legitimidade e condições configurando-se como uma política de ação efetiva de enfrentamento da problemática da violência contra a mulher. Ao mesmo tempo, ressaltamos que não dá para esquecer: a rede é feita de gente, gente que faz a rede se tornar realidade.
É fundamental reconhecer que esse esforço contra a corrente das formas tradicionais de lidar com os problemas sociais geralmente nasce de uma ou mais pessoas que, em suas instituições e entidades, buscam construir outros olhares, jeitos e caminhos de atuação. As motivações muitas vezes são diversas, mas garantem aquela energia necessária para que um processo inovador comece a acontecer em uma ou mais instituição. Por isso, na construção de uma rede de serviços, é fundamental identificar aquelas pessoas que podem fazer toda a diferença nesse trabalho e trazê-las para a roda.
A pessoa ou o grupo que estiver exercendo a liderança facilitadora desse processo deve, na medida do possível, valorizar e investir no desenvolvimento das pessoas, fazendo com que se sintam parte do todo e sujeitos da construção de um trabalho importante da comunidade. Conflitos fazem parte de um processo plural como esse, que envolve indivíduos e instituições com diferentes visões políticas, prioridades, concepções e forma de trabalhar.
Em nome “da união e da harmonia”, cuidado para não esvaziar e despolitizar conflitos que devem ser discutidos e enfrentados no grupo e que muitas vezes podem ser importantes para o amadurecimento do trabalho conjunto. As pessoas não têm que pensar e agir da mesma forma, ao contrário, o trabalho em rede (como abordado no módulo 1) se baseia na busca de caminhos de ação conjunta entre pessoas, grupos e instituições diversos e autônomos. A partir dessas diferenças, o desafio é estabelecer os objetivos, as estratégias e as ações que podem ser pactuados e assumidos pelo grupo como base da ação comum. Capacidades de ouvir, de discutir sem desqualificar o outro e de negociar aquilo que é possível são fundamentais nesse processo.

Fonte: adaptação e transcrição da publicação Vem pra roda! Vem pra rede: Guia de apoio à construção de redes de serviços para o enfrentamento da violência contra a mulher / Denise Carreira, Valéria Pandjiarjian - São Paulo; Rede Mulher de Educação, 2003.

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