28 de fev. de 2013

Investimento Social

O investimento social pode ser feito em rede e ser estratégico?
Lori Bartczak e Diana Scearce

É um sentimento que muitos de nós conhecemos bem. A ideia de trabalhar em redes tem apelo, mas a vida real se mete no caminho. Para os líderes de instituições sem fins lucrativos, os desafios diários de fazer as organizações funcionarem, competindo por financiamento e executando metas definidas, dificulta a tarefa de ver além dos muros das organizações. E mais ainda: em uma era onde o investimento social estratégico é a palavra de ordem, não parece muito lógico combinar o trabalho em rede e uma abordagem estratégica. A experiência da Fundação Barr, em Boston, sugere que nada disso precisa ser verdade.
Em 2004, a Fundação Barr lançou seu programa de bolsa, tendo duas metas em mente: oferecer aos líderes de instituições sem fins lucrativos tempo e espaço para descansar, refletir e se revigorar, de modo que suas organizações e, em última instância, suas cidades se beneficiem, e incentivar o estabelecimento de relações entre colegas, assim catalisando uma rede de líderes de instituições locais sem fins lucrativos.
Oito anos depois, os 48 líderes locais que formam a rede de colegas realizam a promessa das redes, ilustrando a teoria de líderes da Fundação Barr segundo a qual investir em redes, principalmente em relacionamentos, gera ótimos retornos – o que o Boston Globe descreveu como "uma rede de colaboração que amadurece através da comunidade sem fins lucrativos, com efeitos cada vez maiores". Ao abrir espaço para que as pessoas cultivem conexões e criem relacionamentos, o programa facilitou a ação cooperativa que levou a um impacto ainda maior.
O programa envolve trabalhar com o que chamamos de rede, em oposição a uma mentalidade tradicional (veja a figura). Embora o financiamento da Barr tenha uma clara intenção, ele é controlado no longo prazo e é flexível. Os resultados são emergentes, determinados pela rede e fomentados pela fundação. O poder é distribuído: na realidade, a Fundação Barr capacita todo o sistema ao invés de fortalecer os esforços individuais.
Trabalhar com uma mentalidade de rede pode parecer incompatível com a filantropia "estratégica", que é caracterizada por um foco rígido, resultados mensuráveis predeterminados e um claro rumo a seguir. Não é que a filosofia em rede não seja estratégica, ou que a filantropia estratégica ignore o valor das redes. O que acontece é que, sem querer, alguns dos passos que algumas fundações adotam para se tornarem mais estratégicas são contraditórios com a abordagem necessária para o sucesso das abordagens em rede. O que é necessário é uma abordagem que combine o que há de melhor nos dois mundos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário