26 de jul. de 2013

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O ATUAL ESTÁGIO DA SOCIEDADE E AS MENSAGENS DO PAPA FRANCISCO

No inicio do Capitalismo era fundamental que houvesse poupança de uma grande quantidade de pessoas para que fosse possível o financiamento da produção. Neste período não havia grande volume de Capital disponível, como hoje nas bolsas de valores. Assim a poupança era estimulada e o desperdício e a luxuria ou o consumo exagerado eram condenados. Esta indução a poupança e ao trabalho duro foram de encontro com o desenvolvimento do Protestantismo na Europa e nos Estados Unidos. Max Weber vai mostrar esta conexão quando escreve "Ética Protestante e Espirito do Capitalismo".
Com a expansão da produção e o acumulo de Capital, esta necessidade de uma poupança de grande parte da população é reduzida. O Capitalismo se fortalece e grandes conglomerados financeiros começam aparecer. Estes conglomerados ou grandes bancos tem a necessidade de disponibilizar seu Capital na forma de empréstimos ao setor produtivo. Esta fusão entre Capital Bancário e Capital Industrial passa e ser conhecida como Capital Financeiro.
Com o crescimento deste Capital Financeiro, cresce a necessidade de novos mercados consumidores, este é o período em que o Capitalismo se espalha pelo mundo. Período este conhecido como Imperialismo. A partilha destes mercados entre as nações mais ricas vai provocar a primeira guerra mundial.
Este grande mercado consumidor deve então consumir em grande escala. A necessidade crescente de atender o consumo deste mercado que se expande e o surgimento de novas tecnologias vai gerar uma nova forma de produzir e consumir em massa, este período fica conhecido como Fordismo.
No Fordismo a produção é em série e em grande escala. Esta forma de produção gera uma necessidade de consumo constante e crescente. As mercadorias passam a ganhar vida própria. Os objetos produzidos já não são para satisfazer as necessidades básicas do individuo, mas para lhe conferir algum tipo de "status". Começa a surgir à cultura do consumo. O que você é passa a ser aquilo que você consome. Os valores destas mercadorias passam a ser muito mais em razão do conteúdo simbólico que carregam do que pela sua utilidade pratica.
A razão instrumental nasce quando o sujeito do conhecimento toma a decisão de que conhecer é dominar e controlar a natureza e os seres humanos.
Na medida em que razão se torna instrumental, a ciência vai deixando de ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros para tornar-se um instrumento de dominação, poder e exploração, sendo sustentada pela ideologia cientificista, que, através da escola e dos meios de comunicação de massa, engendra uma ideologia contrária ao espírito iluminista e à emancipação da Humanidade.
Esta racionalidade moderna aprisiona o homem em um círculo onde consumo exagerado, produção em massa, cultura do consumo e manipulação da vontade dos individuo através dos meios de comunicação de massa passam a ser fundamentais para a sobrevivência do sistema.
Neste modelo social o homem nada mais é do que uma peça do sistema. Uma coisa. Sua humanidade, seus desejos mais profundos, sua liberdade é abandonada em nome da sobrevivência do modelo social implantado.
Esta coisificação do homem é alimentada pelo consumo. É o consumo que cria a grande ilusão de que o indivíduo esta sendo beneficiado por este sistema. O acesso ao consumo ou a possibilidade de algum dia poder consumir isto ou aquilo é que mantem o indivíduo aprisionado nesta "Matrix".
O dinheiro é o grande instrumento deste sistema. É o "Deus", o símbolo de todo o poder. Através do dinheiro é que toda a engrenagem consegue funcionar. A moeda de troca universal. Todos passam a aspirar por ele e muitos perdem totalmente os escrúpulos para consegui-lo.
As consequências deste sistema são visíveis. Nunca em nenhuma outra sociedade tivemos tantas prisões, tantos roubos, assaltos e assassinatos. O uso de drogas lícitas e ilícitas cresce a cada dia e doenças como estres e depressão não param de crescer.
Para agravar a situação temos agora o ingrediente ambiental. O consumo exagerado e gera o acumulo de lixo o esgotamento das matérias primas e a produção de gases poluentes. Entre eles o Gás Carbônico, responsável pelo aquecimento global, que por sua vez traz consequências devastadoras no clima e ameaça a vida em todo o planeta.
Assim quando o Papa fala em simplicidade, desapego, pobreza, ele não esta tentando apenas reformar a igreja mas dialogando com toda a sociedade, nos exortando a criar um mundo novo onde a vida e os valores morais prevaleçam sobre os materiais. Que nós possamos, cada um em sua área colaborar para construção desta nova realidade que se torna cada vez mais urgente.

Adolf Deny Motter Florencio - Sociólogo.

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