Enquanto eu lia cada artigo recebido para a edição
especial, mais eu percebia que o envolvimento e o apoio às redes envolvem uma
forma muito específica de se relacionar com os outros - uma forma que pode não
ser fácil para muitas fundações.
Segundo Lori Bartczak e Diana Scearce, “trabalhar
com uma mentalidade de rede pode parecer incompatível com a filantropia
“estratégica”, que é caracterizada por um foco rígido, resultados mensuráveis
predeterminados e um claro rumo a seguir”. Segundo elas, trabalhar com uma
mentalidade de rede significar financiar com um claro intuito, mas de uma forma
“controlada em longo prazo e com flexibilidade”, onde os resultados são
“emergentes – determinados pela rede e fomentados pela fundação” e o poder é
distribuído. Elas argumentam que é necessária uma abordagem que combine o que
há de melhor nos dois mundos.
Mas, por que? O que as redes oferecem de tão
especial? Eu acho que se trata de experimentação, inovação, solução de
problemas. Precisamos de novas ideias se quisermos encontrar soluções para os
problemas que enfrentamos hoje em dia.
Por sua natureza, as fundações devem estar bem
colocadas para apoiar a experimentação e a inovação. Mas, elas estão fazendo
isso? Mark Hecker, da Reach Incorporated, ao escrever para o blog Council on Foundations, em 11 de outubro,
acha que não. “Virou um lugar comum para os financiadores... exigir
"provas" antes de liberar qualquer dinheiro... Como uma grande ideia
pode ver a luz do dia sem o apoio da comunidade filantrópica?”
O conselho que ele recebeu das pessoas da
comunidade filantrópica foi que as organizações incipientes devem ter
“iniciativa própria” ou “começar com amigos e familiares”. E foi isso que ele
fez. “Tudo funcionava como devia, certo? Não. O problema: este sucesso se deve
quase totalmente ao meu prestígio pessoal”. Seu pai era um advogado e sua mãe
uma educadora. E aqueles que não têm conexões tão boas?
Muitos de nossos colaboradores parecem compartilhar
o ponto de vista dele. Tanto o físico teórico Geoffrey West quanto o ecologista canadense
Buzz Holling acham que as fundações
mudaram. Holling lamenta a falta de financiadores que queiram apoiar
“experimentos novos e emergentes, do global para o local”. Ele acredita que
isso aconteça porque as fundações se tornaram “mais profissionais... mais
orientadas ao sucesso e menos interessadas no experimento”. “Formas bem
ordenadas e bem estruturadas de lidar com problemas conhecidos… funcionam bem
quando o mundo é estável”, ele diz, “mas são muito destrutivas quando há um
ambiente em constante mudança”.
West diz algo parecido. “As fundações…
geralmente... querem assumir um pouco mais de riscos, ser um pouco mais
especulativas, um pouco maiores”, ele diz. “Porém, salvo algumas poucas
exceções, elas têm se tornado cada vez mais nada além de uma fonte adicional de
financiamento para coisas que são muito convencionais, ou seu foco é tão
estreito que perdem qualquer coisa que tenha a ver com o quadro maior e um
futuro mais visionário”.
Julgamentos negativos de dois pensadores tão
eminentes e criativos.
Fonte: Editorial de Caroline Hartnell é
editora-chefe do revista Alliance, publicado no Portal GIFE, em 27 de fevereiro
de 2013.
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