A história do voluntariado no Brasil pode ser
dividida didáticamente em quatro fases bem definidas:
Benemerência
O voluntariado teve origem no século XIX cujo
enfoque na benemerência. Em linhas gerais, o voluntariado era a forma
encontrada para promover uma “caridade organizada”, sanando os problemas
sociais, que na época, eram entendidos como “desvios” da ordem dominante e
atribuídos a indivíduos “em desgraça”. Desta forma, as família com melhor poder
aquisitivo, e com boas intenções, ajudavam os necessitados.
O século XIX é marcado pelo contexto social
paternalista, rigoroso e excludente, portanto o Voluntariado na época era
extremamente rígido e feminino, marcado por valores morais.
Estado do Bem-Estar
Do século XX em diante, as instituições
filantrópicas assistenciais sofreram intervenções do poder público e a partir
da década de 30, devido ao crescimento deste setor, institui-se uma política de
assistência social.
O Estado de Bem-Estar Social se desenvolveu em
ambiente pós-guerra e pregou a solução total das questões sociais, visando
atender a população carente, principalmente de iniciativa do Estado, que
desenvolveu políticas de apoio aos necessitados.
Esta época é marcada pelo individualismo, que se
sobrepôs às iniciativas voluntárias e associativas.
O voluntariado combativo
A década de 60 propiciou irreversíveis
transformações de comportamento, politizando e polemizando todas as relações ao
extremo, inclusive as pessoais. Após a queda do Estado do Bem-Estar Social, o
voluntariado viu-se questionado politicamente e sem direção clara, sendo
transformado de forma irreversível por correntes contestatórias e libertárias
presente em quase todos os movimentos sociais dos anos 60.
Esta época foi marcada pela criação de diversas
organizações da sociedade, caracterizando uma ação voluntária social. O
voluntariado Combativo caracterizou-se por parecer um pouco desorientado e
distante dos seus ideais básicos, tinha como pressuposto uma mudança na ordem
social e tinha um apelo de protesto.
Na metade da década de 80, com o Neoliberalismo, os
Estados reduziram seus financiamentos da assistência social e passaram a
investir fortemente na iniciativa privada. Como conseqüência, nasce um
voluntariado cuja pretensão era preencher o vazio deixado pelo Estado, bem como
diminuir as necessidades dos que foram excluídos pelo sitema econômico/social
da época.
Nesta fase, o Estado e a Sociedade Civil começaram a
dividir as responsabilidades, por meio da atuação de empresas, organizações
sociais e fundações. Sendo assim, o voluntariado passa a ser discutido como uma
das vias de resolução dos problemas sociais, pela possibilidade de ação
individual de ação participativa nos problemas da sociedade e pela ação privada
para o bem público.
Integração entre Estado e Sociedade Civil
Na década de 90 surge um novo voluntariado que
considera o voluntário como um cidadão, que motivado por valores de
participação e solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento de maneira
espontânea e não remunerada em prol de causas de interesse social e
comunitário- bases do voluntariado atual.
O movimento Ação da Cidadania Contra a Fome a
Miséria e pela Vida, criado em março de 1993, constituiu-se em fato de extrema
relevância para revitalizar uma consciência adormecida na sociedade brasileira.
Sua proposta foi deixar de esperar por ações estruturais que não estariam ao
alcance do cidadão e estimular o gesto imediato para quem tem fome, partindo
para ações emergenciais como um primeiro passo.
Outro fato marcante na história do voluntariado no
Brasil é a criação do Programa Voluntários, do Conselho da Comunidade
Solidária, em dezembro de 1996. O programa incentivou a constituição de uma rede
nacional de Centros de Voluntariado. Hoje, a rede conta com cerca de 60
centros, localizados nas principais cidades do país. São organizações autônomas
e independentes financeira e administrativamente, que buscam atender às
necessidades da região onde estão inseridas.
Atualmente, o voluntariado tem por objetivo
principal fazer com que a sociedade tome iniciativas imediatas para resolver
seus problemas e, ao mesmo tempo pressione o Estado para que ele cumpra seu
papel de formular políticas públicas.
Fonte: Faça Parte - Instituto Brasil Voluntário.
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